domingo, 22 de abril de 2018

Disco óptico dura 600 anos para sobreviver ao dilúvio de dados Redação do Site Inovação Tecnológica

Disco óptico dura 600 anos para sobreviver ao dilúvio de dados

Disco óptico que dura 600 anos
A tecnologia é baseada em estruturas metálicas microscópicas, que armazenam os dados de forma muito estável. [Imagem: Qiming Zhang et al. - 10.1038/s41467-018-03589-y]
Disco óptico para a posteridade
Uma equipe da Universidade RMIT, na Austrália, e do Instituto de Tecnologia de Wuhan, na China, usaram nanomateriais de ouro para demonstrar uma nova geração de disco óptico com capacidade de até 10 TB (terabytes) - um salto de armazenamento de 400%.
Mais significativo ainda é a vida útil estimada para esses discos ópticos: 600 anos, contra os cerca de 10 anos da tecnologia atual - é por isso que todos os sistemas de backup empresariais e bancários ainda funcionam com base nas fitas magnéticas.
A tecnologia promete uma solução mais econômica para o problema global do armazenamento de dados, ao mesmo tempo em que possibilitaria a passagem, tida como crítica pelos especialistas da tecnologia da informação, do Big Datapara o Long Data.
Cerâmica orgânica
A base da memória óptica de longa duração é uma matriz de vidro híbrido nanoplasmônica, diferente dos materiais convencionais usados em discos ópticos. A plasmônica é a aplicação tecnológica dos plásmons de superfície, que são ondulações de elétrons na superfície de um metal quando a luz atinge esse metal. O "nano" decorre do fato de que os plásmons são controlados por estruturas metálicas na faixa dos nanômetros.
O vidro é um material altamente durável - 1.000 anos é uma aposta bem conservadora - e pode ser usado para armazenar dados, mas tem uma capacidade de armazenamento limitada devido à sua inflexibilidade.
A equipe então combinou o vidro com um material orgânico, diminuindo sua vida útil para "apenas" seis séculos, mas aumentando radicalmente a capacidade de armazenamento.
Para criar a matriz de vidro híbrida nanoplasmônica, nanobastões de ouro foram incorporados em um composto conhecido como cerâmica modificada organicamente, um polímero híbrido formado por materiais orgânicos e inorgânicos unidos por ligações covalentes, que são muito estáveis.
O ouro foi escolhido porque, como o vidro, ele é robusto e altamente durável, e as nanopartículas de ouro permitem que as informações sejam registradas em até cinco dimensões - as três dimensões no espaço, além da cor e polarização.
A técnica de fabricação se baseia em um processo sol-gel, que utiliza precursores químicos para produzir cerâmicas e vidros com melhor pureza e homogeneidade do que os processos convencionais.
"Nossa técnica pode criar um disco óptico com capacidade maior do que qualquer tecnologia óptica desenvolvida até hoje e nossos testes mostraram que ele durará mais de meio milênio. Embora haja mais trabalho a ser feito para otimizar a tecnologia - e estamos ansiosos para fazer parceria com colaboradores industriais para impulsionar a pesquisa - sabemos que esta técnica é adequada para a produção em massa de discos ópticos, por isso o potencial é impressionante," disse o professor Min Gu, orientador da equipe.

Bibliografia:

High-capacity optical long data memory based on enhanced Young's modulus in nanoplasmonic hybrid glass composites
Qiming Zhang, Zhilin Xia, Yi-Bing Cheng, Min Gu
Nature Communications
Vol.: 9, Article number: 1183
DOI: 10.1038/s41467-018-03589-y

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