Robôs e legislação ambiental marcam fim da globalização?
Com informações da Universidade de Cambridge - 01/06/2017
Desglobalização: será que a globalização está mesmo indo embora?[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
Fim da globalização
Há décadas que nos dizem que a globalização é uma força irresistível, e que todos devem se juntar à onda ou "ficarão fora do mercado".
Contudo, para um professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, fatores que vão desde a automação e a impressão 3D, até legislações ambientais e expectativas dos clientes estão sinalizando o início do fim para a fabricação globalizada.
O professor Finbarr Livesey afirma que, embora a globalização digital continue em ritmo acelerado, já podem ser vistos os primeiros sinais de uma mudança radical na produção e na distribuição de bens, com as cadeias de suprimentos globais encolhendo à medida que as empresas começam o deslocar sua produção de volta para casa - para os seus países de origem ou para os seus mercados consumidores.
Volta produção, empregos não voltam
Livesey argumenta que vários dos principais pressupostos sobre a globalização e a terceirização já estão errados e que a economia global está mudando sutilmente de uma forma que ainda está por ser captada pelos indicadores macroeconômicos.
"Os robôs estão se tornando mais baratos do que a mão de obra no exterior, a preocupação climática e os voláteis mercados de combustíveis fósseis estão restringindo as pegadas de carbono, e os consumidores esperam cada vez mais produtos sob medida com entrega expressa. Distribuir a produção por todo o planeta já está fazendo cada vez menos sentido econômico," diz Livesey. "Continuar contando as conhecidas histórias sobre a economia global não é mais uma opção, à medida que mudanças tecnológicas e políticas fazem zombaria de qualquer consenso passado."
No entanto, ele adverte contra falsas reivindicações de que essas mudanças sejam uma vitória para o protecionismo: as tecnologias que permitem o retorno da produção para as economias de alto custo não deverão significar o prometido retorno dos empregos - a produção volta automatizada.
Além disso, lembra Livesey, o regionalismo nunca desapareceu de fato. Uma porcentagem significativa das exportações continua a desembarcar na mesma área terrestre de onde se originam: cerca de 50% na Ásia e na América do Norte, e até 70% no caso da Europa.
Casos de desglobalização
O professor chama a atenção para exemplos do que ele acredita serem "fracos sinais precoces de mudança" - como grandes empresas estão começando a fazer uma curva de 180º na globalização.
A nova Speedfactory da Adidas usa automação e impressão 3D para produzir tênis de alta tecnologia - não na China ou no sul da Ásia, mas na Alemanha. "E nos disseram que os têxteis nunca voltariam," lembra Livesey.
A poderosa General Electric recentemente rejuvenesceu uma enorme "cidade fantasma" no estado de Kentucky (EUA) quando percebeu que os aparelhos poderiam ser fabricados ao mesmo custo ou mais baratos nos EUA do que na China.
A Foxconn, empresa que fabrica os circuitos do iPhone, espichou as orelhas quando se sugeriu que robôs poderiam substituir um milhão de trabalhadores chineses - e que a produção poderia até mesmo se mudar para os EUA como resultado disso.
Em última análise, a jornada da produção rumo ao cliente pode ser medida em metros, em vez de continentes. Por exemplo, a Espresso Book Machine da Livraria de Harvard usa informações de arquivos digitais para imprimir e encadernar novos livros na loja conforme o cliente os pede.
O professor Livesey destaca ainda as patentes de impressão 3D móvel solicitadas pela Amazon em 2015 como indicadores de uma direção hiper-local, e não hiper-global, para a produção.
"Embora [a tecnologia da Amazon] não seja atualmente viável, pode vir um momento em que o produto que você comprou seja impresso no caminho para sua casa," finalizou.
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