Espaço
Maior resolução astronômica é obtida por radiotelescópio virtual
Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/04/2016
As imagens mostram os jatos emitidos pelo buraco negro 3C 273. [Imagem: Y. Y. Kovalev et al. - 10.3847/2041-8205/820/1/L9]
Recorde de resolução astronômica
Astrônomos acoplaram um telescópio espacial a quatro radiotelescópios terrestres para obter a mais alta resolução de qualquer observação astronômica já feita até hoje.
A resolução descreve a capacidade de discernir detalhes na imagem obtida.
A equipe combinou o satélite russo RadioAstron com os telescópios Green Banke VLA, nos EUA, Telescópio Effelsberg, na Alemanha, e Observatório de Arecibo, em Porto Rico, criando um radiotelescópio virtual de mais de 160.000 km de diâmetro.
Os sinais captados pelo radiotelescópio em órbita foram transmitidos para uma antena em Green Bank e daí enviados pela internet para a Rússia, onde foram combinados com os dados recebidos dos outros radiotelescópios terrestres para formar a imagem de alta resolução.
E a observação produziu um par de surpresas científicas para os astrônomos que promete avançar a compreensão dos quasares, os buracos negros supermassivos nos núcleos das galáxias.
O radiotelescópio espacial RadioAstron foi crucial para a ampliação das dimensões do telescópio virtual. [Imagem: Astro Space Center of Lebedev Physical Institute]
Temperatura cósmica
A equipe usou seu radiotelescópio virtual para observar um quasar chamado 3C 273, a mais de 2 bilhões de anos-luz da Terra. Os quasares disparam enormes jatos de material em velocidades próximas à da luz, e estes jatos emitem ondas de rádio.
Os cientistas acreditavam que o calor dessas emissões seria limitado por processos físicos, o que colocaria um limite estimado em cerca de 100 bilhões de graus. Por isso a equipe ficou surpresa quando a observação revelou uma temperatura muito mais quente - 10 trilhões de graus (1013 K).
"Somente este sistema espaço-Terra poderia revelar esta temperatura, e agora temos que descobrir como esse ambiente pode chegar a tais temperaturas. Este resultado é um desafio significativo para a nossa compreensão atual dos jatos dos quasares", disse Yuri Kovalev, membro da equipe.
As observações também mostraram, pela primeira vez, subestruturas geradas pela dispersão das ondas de rádio pelo material interestelar em nossa própria Via Láctea. "Isto é como olhar através do ar quente turbulento acima da chama de uma vela," disse Michael Johnson. "Nós nunca tínhamos sido capazes de ver tal distorção de um objeto extragaláctico antes."
Bibliografia:
Radioastronobservations of the quasar 3C273: A challenge to the brightness temperature limit
Y. Y. Kovalev, N. S. Kardashev, K. I. Kellermann, A. P. Lobanov, M. D. Johnson, L. I. Gurvits, P. A. Voitsik, J. A. Zensus, J. M. Anderson, U. Bach, D. L. Jauncey, F. Ghigo, T. Ghosh, A. Kraus, Yu. A. Kovalev, M. M. Lisakov, L. Yu. Petrov, J. D. Romney, C. J. Salter, K. V. Sokolovsky
The Astrophysical Journal
Vol.: 820 (1): L9
DOI: 10.3847/2041-8205/820/1/L9
Radioastronobservations of the quasar 3C273: A challenge to the brightness temperature limit
Y. Y. Kovalev, N. S. Kardashev, K. I. Kellermann, A. P. Lobanov, M. D. Johnson, L. I. Gurvits, P. A. Voitsik, J. A. Zensus, J. M. Anderson, U. Bach, D. L. Jauncey, F. Ghigo, T. Ghosh, A. Kraus, Yu. A. Kovalev, M. M. Lisakov, L. Yu. Petrov, J. D. Romney, C. J. Salter, K. V. Sokolovsky
The Astrophysical Journal
Vol.: 820 (1): L9
DOI: 10.3847/2041-8205/820/1/L9
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