Sinterização a frio revoluciona fabricação de cerâmica
Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/10/2016
Interpretação artística da sinterização a frio de partículas cerâmicas (brancas) e fitas de polímeros (verdes) usando baixo calor para evaporar moléculas de água (azuis), que conduzem a reação. [Imagem: Jennifer M. McCann/MRI]
Revolução na cerâmica
Uma nova técnica, batizada de "processo de sinterização a frio", pode mudar a forma como são feitas peças e objetos de cerâmica, além de permitir a junção de materiais hoje considerados incompatíveis.
Usada pela humanidade desde a pré-história, a fabricação de cerâmica consiste basicamente no aquecimento das argilas até altas temperaturas, que fazem com que os grânulos do material sinterizem - a sinterização é um processo de aglutinação, pelo qual as partículas não se fundem, mas atingem um calor suficiente para que suas redes cristalinas se conectem.
Jing Guo e seus colegas da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, descobriram agora como fazer isto sem precisar de temperaturas tão elevadas - eles não conseguiram eliminar de vez o forno, mas a queda de temperatura é tamanha que se justifica o termo "a frio" com que batizaram sua tecnologia.
Sinterização a frio
O processo parte de um pó cerâmico sobre o qual são aspergidas algumas gotas de água ou solução ácida. As superfícies sólidas das partículas se decompõem e se dissolvem parcialmente na água, produzindo uma fase líquida nas interfaces partícula-partícula. Aumentando a temperatura e a pressão, a água flui e as partículas sólidas se reorganizam em um processo inicial de densificação.
Em seguida, aglomerados de átomos ou íons começam a se afastar dos pontos onde as partículas estão em contato, auxiliando na difusão, minimizando assim a energia livre superficial, permitindo que as partículas grudem firmemente umas nas outras.
A chave de tudo é descobrir a combinação exata de umidade, pressão, calor e o tempo necessário para cada reação, de modo que cada tipo de matéria-prima se cristalize totalmente e atinja a densidade mais elevada possível.
Junção de materiais incompatíveis
Como os testes mostraram que tudo funciona a temperaturas de apenas 120º C, a equipe percebeu que a sinterização a frio pode ser usada para unir materiais incompatíveis, como cerâmica e plástico.
Eles escolheram três tipos de polímeros que poderiam complementar as propriedades de três tipos de cerâmicas - um dielétrico de micro-ondas, um eletrólito e um semicondutor. Os novos compósitos foram sinterizados plenamente em períodos entre 15 e 60 minutos.
A equipe agora está trabalhando com novos tipos de materiais, incluindo materiais arquitetônicos, como tijolos, pisos e revestimentos, materiais refratários, implantes biomédicos e materiais cerâmicos usados na fabricação de componentes eletrônicos.
Bibliografia:
Cold Sintering Process of Composites: Bridging the Processing Temperature Gap of Ceramic and Polymer Materials
Jing Guo, Seth S. Berbano, Hanzheng Guo, Amanda L. Baker, Michael T. Lanagan, Clive A. Randall
Advanced Functional Materials
DOI: 10.1002/adfm.201602489
Cold Sintering Process of Composites: Bridging the Processing Temperature Gap of Ceramic and Polymer Materials
Jing Guo, Seth S. Berbano, Hanzheng Guo, Amanda L. Baker, Michael T. Lanagan, Clive A. Randall
Advanced Functional Materials
DOI: 10.1002/adfm.201602489
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