Proteína sintética faz interface entre eletrônico e biológico
Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/10/2016
Estrutura da interface bioeletrônica (esquerda) e microfotografia mostrando os nanofios reais (direita). [Imagem: Yuhei Hayamizu et al. - 10.1038/srep33778]
Biomimetismo
Conectar equipamentos eletrônicos diretamente ao corpo humano é um sonho antigo, que permitiria a fabricação de melhores implantes e próteses, inteligentes por si mesmas ou que possam ser controladas com o pensamento, além de uma série de ideias um tanto mirabolantes para construir "seres humanos otimizados".
O grande desafio é conectar a eletrônica inerte, com seus componentes feitos de semicondutores, metais e plásticos, com as células biológicas.
Yuhei Hayamizu e seus colegas da Universidade de Washington, nos EUA, confirmaram agora que o caminho para fazer uma interface entre o artificial e o biológico fica mais curto começando "daqui para lá", usando mecanismos que a própria biologia desenvolveu e que são mais robustos e capazes de lidar com desafios externos.
Interface bioeletrônica
Hayamizu usou engenharia genética para sintetizar peptídeos - pequenas proteínas responsáveis por inúmeras tarefas em nossas células - capazes de se estruturar na forma de nanofios. O pulo do gato é que os nanofios se formam sobre camadas monoatômicas como as que vêm sendo cada vez mais usadas pela eletrônica, como o grafeno, a molibdenita, as perovskitas e várias outras.
Desta forma, os sinais eletrônicos podem ser conduzidos pelas camadas monoatômicas até excitarem os peptídeos, que se tornam responsáveis por passar as informações para o lado biológico.
E a comunicação é de duas vias, com os peptídeos entendendo a linguagem da tecnologia e vice-versa, detectando os sinais químicos ou eletrobiológicos e os transformando em sinais ópticos ou elétricos, criando efetivamente uma interface bioeletrônica.
Controle
Os protótipos usam uma versão modificada do peptídeo GrBP5, que formou nanofios sobre uma camada de grafeno e de molibdenita, demonstrando a capacidade de converter um sinal químico, vindo do lado biológico, em um sinal óptico, saindo pelo lado eletrônico.
"Agora precisamos explorar as propriedades básicas desta ponte e ver como podemos modificá-la para permitir o fluxo de informação fluindo dos dispositivos eletrônicos e fotônicos para os sistemas biológicos," disse o professor Mehmet Sarikaya, coordenador da equipe.
Bibliografia:
Bioelectronic interfaces by spontaneously organized peptides on 2D atomic single layer materials
Yuhei Hayamizu, Christopher R. So, Sefa Dag, Tamon S. Page, David Starkebaum, Mehmet Sarikaya
Nature Scientific Reports
Vol.: 6, Article number: 33778
DOI: 10.1038/srep33778
Bioelectronic interfaces by spontaneously organized peptides on 2D atomic single layer materials
Yuhei Hayamizu, Christopher R. So, Sefa Dag, Tamon S. Page, David Starkebaum, Mehmet Sarikaya
Nature Scientific Reports
Vol.: 6, Article number: 33778
DOI: 10.1038/srep33778
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