sábado, 12 de março de 2016

Brasileiros criam material para camuflagem ativa

Brasileiros criam material para camuflagem ativa

Brasileiros criam material para camuflagem ativa
É a primeira vez que se consegue fabricar materiais eletrocrômicos fora da faixa do azul. [Imagem: Agnieszka Maule/Agência USP]
Camuflagem ativa
Pesquisadores da USP desenvolveram uma nova tecnologia de materiais que mudam de cor, o que os torna adequados para camuflagens ativas, adaptando-se às cores do ambiente externo.
"Nós pensamos que ele poderá ser construído no formato de uma manta ou placa flexível ou mesmo tela para ser colocada sobre veículos ou tanques de guerra, ou outros equipamentos, com o intuito de camuflá-los", explica a professora Agnieszka Joanna Pawlicka Maule, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC).
O projeto está em processo de patenteamento no Brasil e na Comunidade Europeia. "Já fomos procurados por uma indústria militar da Europa que se interessou pelo dispositivo camaleão," conta Agnieszka.
Material camaleão
Dispositivos eletrocrômicos têm sido propostos para uso em várias aplicações, como janelas de edifícios e retrovisores de carros.
Eles podem ser fabricados a partir de vários materiais, de moléculas orgânicas a géis poliméricos e filmes finos cerâmicos.
Apesar de toda essa versatilidade e de já existirem diversas utilizações práticas, as cores sempre ficam na faixa do azul, o que pode não ser adequado para todas as aplicações.
A inovação da equipe da professora Agnieszka foi desenvolver um material eletrocrômico "camaleão", que muda de cor do verde ao amarelo, em diversas tonalidades. Essas cores fizeram a equipe pensar nos veículos militares, já que elas são adequadas para a camuflagem em ambientes como deserto, selva, terra ou montanhas rochosas.
Brasileiros criam material para camuflagem ativa
A versatilidade do material permite vislumbrar vários modos de aplicação. [Imagem: Agnieszka Maule/Agência USP]
Materiais eletrocrômicos
Os dispositivos eletrocrômicos são compostos por sete camadas: vidro, material condutor transparente (carga positiva), reservatórios de íons, eletrólito, filme eletrocrômico (que muda de cor), condutor transparente (carga negativa) e vidro. "Essas camadas são muito finas, quase imperceptíveis e, por serem transparentes, parecem vidro comum. Portanto, quando dispositivos eletrocrômicos são instalados em janelas é difícil distingui-las das outras," exemplifica a pesquisadora.
Seu funcionamento lembra uma bateria: são dois pólos elétricos com um eletrólito (condutor elétrico) no meio que, ao receber uma corrente elétrica, e dependendo da polaridade (positiva ou negativa), pode ficar colorido, descolorido ou transparente. Ou seja, é possível ligar e desligar as cores atuando eletricamente sobre o eletrólito.
A ideia é que o dispositivo camaleão seja composto por dezenas de "janelas", semelhantes aos píxeis de uma tela, embora maiores, e que poderão ser comandadas individualmente para a mudança de cores, lembrando o padrão das roupas camufladas.
Primeiro, uma máquina fotográfica tirará fotos do local. As imagens serão enviadas para um computador que as transformará em padrões de cores e depois em números. Esses números serão transformados em potencial elétrico e enviados para os píxeis, que vão modular as próprias cores de acordo com as do ambiente.

Obtendo financiamento, eventualmente da indústria, a equipe planeja construir um protótipo, na forma de uma manta flexível ou placa.

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