Carro do futuro abastecerá a cada 100 anos
Empresa norte-americana está desenvolvendo veículo que utiliza o metal radioativo tório como combustível
11 de novembro de 2013 | 19h 53
Carlo Cauti - Especial para o Estado
SÃO PAULO - Imagine comprar um carro novo que terá a próxima parada para abastecer somente em 2113. Uma empresa norte-americana do Connecticut, a Laser Power System, está desenvolvendo um inovador sistema de propulsão para automóveis: o tório.
Esse elemento químico, cujo símbolo é o Th, é um metal radioativo natural utilizado para a fabricação de vidros especiais e de filamentos para lâmpadas incandescentes. Está entre os elementos mais densos existentes no mundo e, segundo a empresa norte-americana, poderia produzir energia suficiente para movimentar veículos.
Abastecer o tanque com oito gramas de tório produziria energia para 100 anos sem emissões nocivas ao meio ambiente. "Um grama de tório dispõe da mesma energia de 28 mil litros de gasolina", explicou Charles Stevens, CEO da Laser Power System.
Essa não é a primeira vez que o tório é considerado como potencial combustível para carros. Ele já foi indicado como ótimo candidato para substituir o urânio nos reatores nucleares, graças à sua relativa segurança, sendo menos radioativo que o urânio, mais fácil de ser extraído do solo e ainda produz muitos menos danos ambientais.
Além disso, um propulsor alimentado com tório não conseguiria desencadear uma reação nuclear, como ocorre com os reatores alimentados com o urânio. Os atuais protótipos de motores à tório pesam cerca de 250 kg e podem ser integrados dentro de automóveis.
O projeto de um carro alimentado com tório é de 2009, quando Loren Kulesus desenvolveu a World Thorium Fuel Concept Car, apresentada no Salão de Automóveis Cadillac de Chicago.
Entretanto, a Laser Power System é a primeira empresa no mundo a trabalhar sobre um motor à base de tório produzido em série. A empresa está testando pequenos blocos do metal aquecido, os quais produziriam calor suficiente para alimentar um laser. O laser aquece a água e com o vapor produzido consegue mover uma mini turbina. A turbina, por sua vez, gera a energia elétrica para a propulsão do veículo.
O tório foi descoberto em 1828 pelo químico sueco Jons Jakob Berzelius, que lhe deu esse nome em homenagem ao deus nórdico Thor. Graças à sua elevada densidade, o mineral consegue produzir uma enorme quantidade de calor.
As pesquisas dos Estados Unidos sobre os reatores alimentados com tório para a produção de energia começaram na década de 1960. Contudo, a pesquisa privilegiou os reatores "tradicionais", alimentados com urânio, por causa da grande produção de plutônio consequente do processo nuclear. A China, Índia e Noruega estão tentando lançar novamente essa tecnologia.
O ESTADO DE SÃO PAULO.
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