terça-feira, 15 de abril de 2014

TV MUNDIAL

É possível ter uma TV digital mundial?

Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/04/2014
É possível ter uma TV digital mundial?
A tentativa é criar um "navegador" para as TVs digitais, que permitam a troca mundial de dados, como na internet. [Imagem: Marcos Santos/USP Imagens]
Nascida muito depois da internet, a TV digital tinha tudo para nascer global, usando um padrão mundial que permitisse a troca direta de informações.
Mas não foi assim, e hoje existem diferentes sistemas de televisão digital no mundo, como o brasileiro, japonês, europeu e norte-americano.
Pesquisadores do Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas (CITI) da USP estão tentando corrigir esse descaminho.
Para isso eles estão lançando o Global ITV, um projeto que reúne pesquisadores e instituições brasileiras e europeias para desenvolver um sistema compatível de transmissão e recepção digital de áudio e vídeo de TV, mais plataformas de interatividade.
Interoperabilidade
Atualmente, os sistemas de TV digital ao redor do mundo não tem interoperabilidade, ou seja, não se comunicam entre si e por isso a produção audiovisual dos radiodifusores tem alcance limitado.
"Hoje, você não pode comprar uma TV nos Estados Unidos e trazer ao Brasil para assistir a programação da TV digital aberta, ela não vai funcionar pois os sistemas (linguagem, navegador) são diferentes," explica Marcelo Knörich Zuffo, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP e um dos coordenadores brasileiros do Global ITV.
Zuffo destaca que a televisão tem a mesma característica da internet, são pequenos pacotes de dados que chegam digitalmente aos aparelhos. A diferença é que internet é interoperável e a TV digital não.
Isso significa que a pessoa pode acessar pela internet o mesmo conteúdo em qualquer país, em qualquer aparelho ou meio tecnológico, o que contribui para o avanço da internet em detrimento do conteúdo televisivo: "Isso é um problema mundial, por isso o Global ITV não se restringe aos mercados brasileiros e europeus que participam do projeto. Acreditamos que ele terá impacto global".
O problema é maior para os produtores de conteúdo, segundo Zuffo: "Essa falta de interoperabilidade impede o acesso aos grandes mercados de conteúdo. Para exportar um conteúdo audiovisual brasileiro linear e interativo, você precisa fazer um retrabalho para se adequar ao contexto tecnológico regional."
É possível ter uma TV digital mundial?
A diferença é que internet é interoperável e a TV digital não. [Imagem: Marcos Santos/USP Imagens]
Global ITV
A proposta do projeto é desenvolver uma tecnologia capar de tornar a televisão tão globalizada quanto a internet.
"A nossa contribuição técnica é conceber um navegador, browser, capaz de harmonizar todas essas tecnologias de diferentes sistemas de televisão digital, permitindo que qualquer conteúdo brasileiro desenvolvido aqui seja comercializado em escala global e vice-versa", afirma o professor da Poli.
Esse browser também trará resultados na rapidez da navegação do conteúdo interativo na televisão. De acordo com Zuffo, "hoje, há um sistema operacional para a TV e outro sistema para a TV conectada. Essas estruturas não estão harmonizadas, quando você muda de canal, é como se você estivesse reiniciando tudo. Vamos fazer a unificação dos sistemas, como se a televisão tivesse um computador interno".
A finalização do projeto está prevista para janeiro de 2015 e conta com um orçamento de R$ 3 milhões de reais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e €$ 1,5 milhão da União Europeia.

O MOTOR SUMIU

Realidade aumentada faz frente de Land Rover ficar transparente

Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/04/2014

O motor sumiu
A Land Rover apresentou um conceito de realidade aumentada que torna "invisível" toda a parte frontal do carro.
A "mágica" é feita graças a duas câmeras de vídeo, uma montada embaixo do veículo e outra na grade frontal.
As imagens são mescladas por um software e o resultado é projetado sobre o pára-brisas, gerando a sensação de que o capô e tudo o que vem abaixo dele é transparente.
A tela no pára-brisas também seria utilizada para mostrar outras informações, como ângulo de inclinação do veículo, posição da direção, velocidade, marcha engrenada etc.
Uma parte frontal transparente parece ser mesmo bastante útil para a categoria dos veículos todo terreno, ou 4x4, onde saber onde pisa pode fazer a diferença entre continuar a viagem ou ficar atolado.
O problema é saber se as câmeras terão lentes autolimpantes, ou se toda a tecnologia vai por água abaixo na primeira espirrada de lama - principalmente no caso de uma câmera que fica embaixo do veículo.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

CERÂMICA PARA MOTORES

Materiais Avançados

Madrepérola inspira criação de cerâmica superdura

Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/04/2014
Madrepérola inspira criação de cerâmica superdura
Estrutura da madrepérola natural (em cima) e da sintética (embaixo), na mesma escala. A estrutura modular empilhada é claramente visível nos dois casos. [Imagem: Sylvain Deville/Florian Bouville/LSFC]
Cerâmica superdura
Em 2008, cientistas norte-americanos fabricaram a cerâmica mais dura do mundo imitando a madrepérola.
Agora, uma equipe francesa fez isto de novo, com ganhos em relação ao material anterior, e ainda com acréscimos.
Florian Bouville e seus colegas do CNRS aumentaram ainda mais a dureza e a resistência da cerâmica, e ainda fizeram isto em um processo que pode ser aplicado industrialmente.
O novo material bioinspirado, quase 10 vezes mais forte do que uma cerâmica convencional, é o resultado de um processo de fabricação inovador que inclui uma etapa de congelamento.
A madrepérola artificial mantém suas propriedades até 600° C, o que a torna adequada para uma grande variedade de aplicações na indústria, incluindo motores de automóveis e geradores de energia.
A blindagem é outra aplicação natural de um material tão duro.
Madrepérola artificial
A madrepérola, que recobre as conchas de vários moluscos, é 95% composta de carbonato de cálcio na forma de um mineral chamado aragonita.
O que a torna tão dura é a sua estrutura interna hierárquica, semelhante a uma pilha de tijolos em um formato complexo, soldados entre si por uma argamassa composta de proteínas.
Para fabricar uma madrepérola artificial, os pesquisadores usaram como ingrediente principal a alumina, um material cerâmico comum, cujos grânulos têm o formato de plaquetas microscópicas.
O pó de alumina foi dissolvido em água, produzindo uma suspensão coloidal que foi esfriada para induzir o crescimento controlado de cristais do mineral, fazendo com que a alumina se automontasse na forma de pilhas de plaquetas.
O material final foi obtido depois de uma etapa final de densificação a alta temperatura.
Esta madrepérola artificial é 10 vezes mais resistente do que uma cerâmica de alumina convencional porque, para se espalhar, uma trinca precisa se mover em torno dos "tijolos" de alumina, um a um. Como este caminho forma um ziguezague, a trinca tem dificuldade de atravessar o material.
Outras cerâmicas
Uma das vantagens do processo é que ele não é exclusivo da alumina.
Segundo os pesquisadores, qualquer pó de cerâmica cujos grânulos assumirem a forma de plaquetas pode ser utilizado no processo, que pode ser implementado facilmente em escala industrial.
A tenacidade deste material bioinspirado poderá permitir fabricar peças menores e mais leves, sem aumento significativo dos custos em relação aos materiais atuais.
A madrepérola já serviu de inspiração também para a criação de um vidro quase inquebrável.
Bibliografia:

Strong, tough and stiff bioinspired ceramics from brittle constituents
Florian Bouville, Eric Maire, Sylvain Meille, Bertrand Van de Moortèle, Adam J. Stevenson, Sylvain Deville
Nature Materials
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nmat3915

sexta-feira, 4 de abril de 2014

CARRO NA PAREDE.

Mecânica

Corrida de carro na parede é possível

Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/04/2014
Corrida de carro na parede é possível
Se a inequalidade na equação for garantida, o carro vai ficar "grudado" na pista e poderá correr pelas paredes. [Imagem: Cortesia Doug Davis/EIU]
Corrida na parede
É possível pilotar um carro de corridas atual em uma pista com uma inclinação de 90 graus em relação ao solo.
É o que garante uma equipe de quatro estudantes de física da Universidade de Leicester, no Reino Unido.
E os professores assinaram embaixo: o trabalho foi publicado em uma revista científica revisada, neste caso, não pelos pares, mas pelos mestres.
Segundo os cálculos da equipe, um carro viajando a uma velocidade de pelo menos 240 km/h teria aderência garantida em uma pista perfeitamente circular inclinada a 90º em relação ao solo.
Isto porque, segundo os cálculos, a força da gravidade agindo sobre o carro de corrida seria menor do que as forças friccionais mantendo o carro grudado na "parede".
Ben Jordan e seus colegas resolveram estudar o problema porque já foi demonstrado que os carros de corrida atingem as maiores velocidades nas curvas inclinadas de pistas como as usadas por categorias como Nascar e Indy.
Para tornar o trabalho mais genérico, eles analisaram o caso de dois carros, um carro de corrida Penske-Reynard-Honda e um carro de rua Audi TT.
Pista vertical circular
A primeira condição essencial para uma corrida de carros pelas paredes é que a pista seja circular, para garantir uma força centrípeta constante.
Outro fator fundamental é a pressão aerodinâmica, a força que tende a grudar o carro na pista - ou na parede - devido às suas características aerodinâmicas.
Os resultados mostram que, para um carro de corrida monoposto pesando cerca de 700 kg, a força da gravidade seria 8571 N menor do que a força de atrito, ou seja, o carro poderia correr tranquilamente na pista circular vertical.
Já para o carro de rua, com seus 1.390 kg, a força da gravidade seria cerca de 6400 N maior do que a força de atrito, o que significa que ele fatalmente cairia.
Problemas práticos
Contudo, mesmo para os monopostos de corrida, uma pista circular vertical provavelmente nunca se tornará realidade.
Primeiramente porque construir uma pista assim seria muito caro, sem contar os desafios de engenharia para construir as faixas de entrada e saída do circuito circular.
E, mais importante, a gravidade continuaria agindo no caso de um acidente que diminuísse bruscamente a velocidade dos carros, quando então a queda seria fatal.
Bibliografia:

P2_2 Racing on the Edge
Ben Jordan, Oliver Joule, Thomas Morris, Katie Raymer
Journal of Physics Special Topics
Vol.: 12, No 1
https://physics.le.ac.uk/journals/index.php/pst/article/view/629/432