quarta-feira, 27 de abril de 2016

Reciclagem de fótons aumenta eficiência de células solares

Energia

Reciclagem de fótons aumenta eficiência de células solares

Reciclagem de luz
Reciclagem de fótons ocorrendo dentro de um cristal de perovskita. [Imagem: Criss Hohmann]
Reciclagem de luz
A imagem acima ilustra um fenômeno peculiar, mas de grande interesse tecnológico: a reciclagem de luz.
A confirmação desse fenômeno promete gerar grandes ganhos na eficiência das células solares e dos LEDs.
As células solares funcionam absorvendo fótons do Sol para liberar elétrons, mas o processo também funciona ao contrário porque, quando as cargas elétricas se recombinam, elas podem criar um fóton.
Isso é ruim para as células solares, diminuindo sua eficiência, porque significa que há luz escapando.
Luis Miguel Outón e seus colegas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram que a perda dos fótons pode ser evitada quando se usa a já popular e promissora perovskita.
Uso prático
Outón descobriu que as células solares de perovskita têm a capacidade extra para reabsorver os fótons gerados dentro da própria célula - uma reciclagem de fótons.
Isto cria um efeito de concentração no interior da célula, como se uma lente estivesse sendo utilizada para focalizar a luz num único local, evitando que os fótons escapem.
A equipe também descobriu que as perovskitas podem ser otimizadas nesse processo de reciclagem de luz, o que foi demonstrado em um cristal híbrido conhecido como perovskita de iodeto de chumbo.
Segundo os pesquisadores, esta capacidade de reciclar os fótons pode ser explorada com relativa facilidade para criar células capazes de superar os limites da eficiência energética demonstrados até agora.

Bibliografia:

Photon recycling in lead iodide perovskite solar cells
L. M. Pazos-Outon, M. Szumilo, R. Lamboll, J. M. Richter, M. Crespo-Quesada, M. Abdi-Jalebi, H. J. Beeson, M. Vru ini, M. Alsari, H. J. Snaith, B. Ehrler, R. H. Friend, F. Deschler
Science
Vol.: 351 (6280): 1430
DOI: 10.1126/science.aaf1168

Transistores de silício ficam flexíveis e chegam a 38 GHz

Eletrônica

Transistores de silício ficam flexíveis e chegam a 38 GHz

Transistores flexíveis de silício chegam a 38 GHz
A impressão rolo-a-rolo superou a litografia tradicional, fabricando transistores de 10 nanômetros que funcionam a 38 GHz. [Imagem: Jung-Hun Seo/UW-Madison]
Flexível e rápido
Transistores flexíveis de silício atingiram a incrível marca de 38 gigahertz (GHz), abrindo caminho para computadores e outros aparelhos não apenas flexíveis, mas também muito mais rápidos do que os atuais.
E as simulações mostram que é possível chegar a velocidades de até 110 GHz.
Mas o mais importante é que a técnica para construir esses transistores é simples e facilmente automatizável, permitindo que eles sejam fabricados em sistemas de rolo, semelhantes aos usados na impressão de revistas e jornais.
Mesmo com todo o progresso recente da eletrônica orgânica, esse é um patamar de velocidade que parecia impossível de ser atingido há poucos anos, sobretudo quando se fala em transistores de silício de alto desempenho.
A equipe acredita que o novo processo de fabricação de transistores flexíveis de silício deverá ter um impacto imediato nas aplicações sem fios, já que o transístor pode transmitir dados ou mesmo ser usado para transferir energia à distância, abrindo um leque de novas aplicações.
"A litografia por nanoimpressão viabiliza as futuras aplicações para a eletrônica flexível. Nós não queremos construí-los [os transistores] da maneira que a indústria de semicondutores faz hoje. Nossa etapa, que é a mais crítica para a impressão rolo-a-rolo, está pronta," disse Zhenqiang Ma, da Universidade Wisconsin-Madison, nos EUA.
Ultraminiaturização
Em lugar da litografia tradicional, que usa luzes e produtos químicos para esculpir os transistores nas pastilhas de silício, a equipe usou uma técnica de baixa temperatura para aplicar uma camada inteira de dopantes, evitando a dopagem seletiva das camadas ultrafinas de silício, que geralmente não funciona muito bem quando feita pela técnica de nanoimpressão.
Em seguida, a equipe adicionou um material sensível à luz e usou um feixe de elétrons para criar estruturas de 10 nanômetros de largura, que funcionam como moldes reutilizáveis para a nanoimpressão.
Com um padrão de fluxo de corrente tridimensional, o transístor alcança um desempenho inédito e consome menos energia. E como a técnica de fabricação permite traçar estruturas mais estreitas do que a fabricação convencional, ela permite colocar um maior número de transistores por área, acelerando a miniaturização dos aparelhos.

Bibliografia:

Fast Flexible Transistors with a Nanotrench Structure
Jung-Hun Seo, Tao Ling, Shaoqin Gong, Weidong Zhou, Alice L. Ma, L. Jay Guo & Zhenqiang Ma
Nature Scientific Reports
Vol.: 6, Article number: 24771
DOI: 10.1038/srep24771

Bateria de nanofios nunca precisaria ser trocada

Energia

Bateria de nanofios nunca precisaria ser trocada

Bateria de nanofios dura 200 vezes mais
Os melhores resultados foram obtidos com nanofios de ouro encapsulados por uma camada de dióxido de manganês e postos em um eletrólito feito com o gel polimérico. [Imagem: Mya Le Thai - 10.1021/acsenergylett.6b00029]
Bateria que não pifa
Pesquisadores da Universidade da Califórnia de Irvine, nos EUA, descobriram meio por acaso como fabricar uma bateria de nanofios que pode ser recarregada centenas de milhares de vezes.
A durabilidade é tamanha que já permite sonhar com baterias que nunca precisem ser substituídas. Embora a vida útil de um celular já seja menor que a vida útil de suas baterias, carros elétricos, naves espaciais e computadores teriam muito a ganhar com baterias de grande durabilidade.
A construção de baterias de nanofios vem chamando a atenção há algum tempo. Milhares de vezes mais finos do que um fio de cabelo humano, os nanofios são condutores excepcionais e apresentam uma grande área superficial para o armazenamento e a transferência de elétrons.
No entanto, eles são extremamente frágeis, e a expansão e contração repetida pela descarga e recarga os faz trincar, interrompendo o funcionamento da bateria.
Nanofios plastificados
Mya Le Thai resolveu este problema depois de colocar seus nanofios em um gel polimérico para facilitar os testes e tentar medir os efeitos das trincas nos nanofios individuais.
O que aconteceu é que ela fez até 200.000 ciclos de carregamento e descarregamento, ao longo de três meses, sem detectar qualquer perda de capacidade de armazenamento e sem quebrar nenhum nanofio - o patamar para que uma bateria seja considerada viável é de 1.000 ciclos.
Os melhores resultados foram obtidos com nanofios de ouro encapsulados por uma camada de dióxido de manganês e postos em um eletrólito feito com o gel polimérico. A equipe acredita que o gel plastifica o nanofio metálico e lhe dá flexibilidade, evitando rachaduras.
A fabricação de baterias práticas feitas com nanofios ainda depende do desenvolvimento de processos de fabricação em larga escala que permitam a interconexão dos filmes de nanofios para gerar baterias de grande capacidade.

Bibliografia:

100k Cycles and Beyond: Extraordinary Cycle Stability for MnO2 Nanowires Imparted by a Gel Electrolyte
Mya Le Thai, Girija Thesma Chandran, Rajen K. Dutta, Xiaowei Li, Reginald M. Penner
Energy Letters
DOI: 10.1021/acsenergylett.6b00029

Chip nanofotônico: da TI aos buracos negros

Eletrônica

Chip nanofotônico: da TI aos buracos negros

Chip nanofotônico: da Tecnologia da Informação aos buracos negros
Canais e ranhuras na pastilha de silício permitem controlar a luz em um nível sem precedentes. [Imagem: RMIT University]
Momento angular da luz
Pesquisadores australianos criaram um chip fotônico capaz de manipular a luz em nanoescala, abrindo o caminho para o uso prático de tecnologias ópticas que vêm se mostrando imbatíveis em escala de laboratório.
O chip nanofotônico integra todos os componentes necessários para controlar o momento angular da luz em um nível sem precedentes.
Enquanto viaja aproximadamente em linha reta, um feixe de luz também gira em torno do seu próprio eixo - o momento angular da luz mede a intensidade dessa rotação dinâmica.
A medição precisa dessa propriedade permite usá-la para a geração, transmissão, processamento e registro de informações, o que tem sido explorado em experimentos incluindo de raios tratores à transmissão de dados usando a chamada "luz torcida".
Multiplexação
O interesse mais imediato nas técnicas de luz torcida está na potencial utilização do momento angular para expandir a capacidade disponível das fibras ópticas, através da utilização de canais de luz paralelos.
Mas executar a multiplexação do momento angular em uma escala que caiba dentro de um chip vinha se mostrando um desafio difícil de superar porque não há nenhum material na natureza capaz de detectar a torção da luz.
"Projetando uma série de elaboradas nano-aberturas e nano-ranhuras no chip fotônico, a nossa equipe conseguiu a manipulação da luz torcida dentro de um chip pela primeira vez. O projeto elimina a necessidade de quaisquer outras ópticas volumosas baseadas em interferência para detectar os sinais de momento angular," disse o professor Min Gu, da Universidade RMIT.
Chip nanofotônico: da Tecnologia da Informação aos buracos negros
Detalhes das estruturas básicas de manipulação da luz que formam o chip. [Imagem: RMIT University]
Física dos buracos negros
Mas a manipulação da luz de forma controlada tem aplicações mais exóticas do que as telecomunicações: por exemplo, para tentar entender a física dos buracos negros.
Para isso, segundo o professor Gu, é importante notar que o chip nanofotônico permite o controle total sobre a luz torcida, o que inclui tanto momento angular rotacional (spin) quanto omomento angular orbital da luz.
"Devido ao fato de que buracos negros rotativos [quasares] podem transmitir momento angular orbital associado com as ondas gravitacionais, uma medição inequívoca do momento angular orbital ao longo do céu poderia levar a uma compreensão mais profunda da evolução e da natureza dos buracos negros no universo," disse ele.

Bibliografia:

On-chip Non-interference Angular-momentum Multiplexing of Broadband Light.
Haoran Ren, Xiangping Li, Qiming Zhang, Min Gu
Science
Vol.: Published online
DOI: 10.1126/science.aaf1112

Eletricidade à distância para carros elétricos chega a 20 kW

Mecânica

Eletricidade à distância para carros elétricos chega a 20 kW

Recarregamento à distância para veículos elétricos chega a 20 KW
A tecnologia de recarregamento à distância - sem plugue - já está equipando um veículo de testes. [Imagem: ORNL]
20 kW à distância
Engenheiros do Laboratório Nacional Oak Ridge, nos EUA, apresentaram um sistema de recarregamento sem fios para veículos elétricos que representa um salto qualitativo em relação a tudo o que havia sido demonstrado antes.
Além de alcançar uma eficiência de 90% e ser três vezes mais rápido que qualquer sistema anterior de recarregamento de baterias à distância, o conjunto alcança uma capacidade de 20 quilowatts.
"Nós fizemos um tremendo progresso em relação aos experimentos de prova de conceito em laboratório de alguns poucos anos atrás. Nós agora temos uma tecnologia que está muito próxima de estar pronta para o mercado," disse Madhu Chinthavali, coordenador do projeto.
O equipamento é resultado de um esforço conjunto de pesquisadores do ORNL e da Universidade Clemson, além de engenheiros das empresas Toyota, Cisco e Evatran.
Eletricidade sem fios
O sistema inclui inversor, transformador de isolamento, eletrônica a ser embarcada no veículo e tecnologias de acoplamento - as bobinas encarregadas da transmissão da eletricidade à distância.
Um protótipo de 10 quilowatts/hora já está equipando um veículo de testes. Enquanto isso, a equipe se prepara para construir uma nova versão com 50 quilowatts.
"A transferência de eletricidade sem fios é uma mudança de paradigma no recarregamento de veículos elétricos, que oferece ao consumidor uma opção autônoma e mais segura, eficiente e conveniente do que o recarregamento plugado. A tecnologia demonstrada hoje é um trampolim para rodovias eletrificadas, onde os veículos poderiam se recarregar em movimento," disse David Smith, membro da equipe, apontando os projetos futuros da equipe.

Compactador ZIP detecta fronteira da física quântica

Informática

Compactador ZIP detecta fronteira da física quântica

Programa Zip detecta fronteira da física quântica
O entrelaçamento de muitos fótons permite mudar nossa concepção filosófica da realidade.[Imagem: UWaterloo/IQC]
Compressão científica
A física quântica tem a reputação de misteriosa e até fantasmagórica, sobretudo após aconfirmação do Efeito do Observador.
Isso torna ainda mais surpreendente que uma nova técnica para detectar o comportamento quântico dependa de uma ferramenta bem familiar: um programa do tipo "Zip", usado para compactar arquivos, que você provavelmente tem instalado em seu computador.
"Nós descobrimos uma nova maneira de ver a diferença entre o universo quântico e o universo clássico, usando nada mais do que um programa de compressão," relata o professor Dagomir Kaszlikowski, do Centro de Tecnologias Quânticas da Universidade Nacional de Cingapura.
Hou Shun Poh, aluno de Kaszlikowski, descobriu que o software de compressão, quando aplicado a dados experimentais, revela quando um sistema cruza a fronteira do nosso quadro clássico do Universo para o reino quântico - a chamada fronteira clássico-quântica.
Teorema de Bell
Em particular, a técnica detecta evidência do entrelaçamento quântico entre duas partículas. Partículas entrelaçadas apresentam um comportamento "coordenado" de uma forma que não pode ser explicada por sinais trocados entre elas ou por propriedades estabelecidas com antecedência.
Este fenômeno já foi comprovado em muitos experimentos, mas a nova abordagem faz isso sem uma suposição prévia geralmente adotada nas medições.
Programa Zip detecta fronteira da física quântica
Outra equipe já havia usado um algoritmo quântico para superar seu equivalente clássico. [Imagem: SIT]
Os experimentos geralmente são realizados com pares de partículas entrelaçadas, como pares de fótons. Medir uma das partículas de luz dará resultados que parecem aleatórios, como uma chance de 50:50 de que o fóton tenha uma polarização que aponta para cima ou para baixo, por exemplo. Porém, quando o entrelaçamento surge, a medição do segundo fóton do par produzirá um resultado correspondente ao primeiro, e não mais aleatório.
Uma relação matemática conhecida comoteorema de Bell mostra que a física quântica permite que os resultados equivalham com maior probabilidade do que é possível com a física clássica.
Mas o teorema é derivado apenas para um par de partículas, enquanto os físicos precisam descobrir as probabilidades estatisticamente, ou seja, medindo muitos pares de partículas. As situações são equivalentes apenas quando cada par de partículas é idêntica e independente de todas as outras - uma situação conhecida como suposição i.i.d (independentes e identicamente distribuídos).
Teorema ZIP
Usando o programa Zip, contudo, as medições são realizadas da mesma forma, mas os resultados são analisados de maneira diferente. Em vez de converter os resultados em probabilidades, os dados brutos (na forma de listas de 1s e 0s correspondentes aos valores medidos de cada partícula) alimentam diretamente o programa de compressão de dados, como se fossem os bits de um arquivo comum de computador.
Os algoritmos de compressão, como os do programa Zip, procuram padrões nos dados para detectar repetições e codificá-los de uma forma mais eficiente. Quando aplicados aos dados do experimento, o algoritmo efetivamente detecta as correlações resultantes do entrelaçamento quântico, o que se revelou na forma de uma relação semelhante ao teorema de Bell, baseada na "diferença de compressão normalizada" entre os subconjuntos de dados.
Programa Zip detecta fronteira da física quântica
Antes considerada uma das esquisitices da mecânica quântica, hoje a função de onda é considerada como uma entidade real. [Imagem: NERSC]
Se o Universo fosse totalmente clássico, o valor gerado pela equação deveria ficar abaixo de zero. Já um comportamento quântico permite valores de até 0,24.
A equipe encontrou um valor superior a zero - 0,0494 ± 0,0076 - provando que o sistema medido cruzou a fronteira clássico-quântica. O valor é menor do que o máximo previsto, segundo os físicos, porque a compressão não atinge o limite teórico e os estados quânticos não podem ser gerados e detectados perfeitamente.
Abordagem algorítmica
Ainda não está claro se a nova técnica vai encontrar aplicações práticas, mas os pesquisadores acreditam que sua "abordagem algorítmica" se enquadra bem no quadro maior sobre como pensar sobre a física, uma vez que eles derivaram a equação considerando correlações entre partículas que foram produzidas por um algoritmo alimentado por um experimento gerado por outra máquina computacional.
"Há uma tendência de olhar para sistemas físicos e processos como programas executados em um computador feito dos constituintes do nosso Universo. Este trabalho apresenta um exemplo explícito e experimentalmente testável" dessa abordagem, escreveu a equipe.

Bibliografia:

Probing the quantum-classical boundary with compression software
Hou Shun Poh, Marcin Markiewicz, Pawel Kurzynski, Alessandro Cerè, Dagomir Kaszlikowski, Christian Kurtsiefer
New Journal of Physics
DOI: 10.1088/1367-2630/18/3/035011
http://arxiv.org/abs/1504.03126

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Transforme sua pele numa tela de smartphone | BlogPC - Tecnologia Pessoal e Internet

Transforme sua pele numa tela de smartphone | BlogPC - Tecnologia Pessoal e Internet

Transforme sua pele numa tela de smartphone | BlogPC - Tecnologia Pessoal e Internet

Transforme sua pele numa tela de smartphone | BlogPC - Tecnologia Pessoal e Internet

VOCÊ SABE COMO FUNCIONA O RÁDIO?

O rádio ocupa hoje uma posição de destaque nas tecnologias eletrônicas. Se partirmos das aplicações básicas que fizeram história como rádios AM, ondas curtas e FM constatamos que a partir daí novas tecnologias nos levam a aplicações que hoje são indispensáveis no nosso dia a dia como o celular, as aplicações de informática sem fio, sensoriamento remoto e muito mais. Neste artigo, bastante didático analisamos um pouco da história e funcionamento do rádio.

Houve época em que toda a eletrônica se traduzia numa palavra”rádio. De fato, naqueles tempos, o único aparelho que podia ser denominado eletrônico, e de uso comum, era o rádio. Presente em muitos lares permitia o “milagre” de se ouvir vozes de pessoas distantes.

Com a evolução da eletrônica, novos equipamentos surgiram como os amplificadores para fonógrafos, gravadores, a TV e depois tudo que hoje conhecemos, uma infinidade de aplicativos a nossa disposição.

Assim, se quisermos ter uma visão da história da eletrônica, nada melhor do que usar o rádio como referência. A história do rádio está intimamente ligada a história da evolução de novas tecnologias.




Neste artigo tratamos um pouco do rádio, explicando sua origem, os diversos tipos de circuitos .

O Início

Maxwell, através de equações matemáticas, previu a existência de ondas eletromagnéticas, da mesma natureza que as ondas de luz, que podiam se propagar no espaço com a velocidade próxima de 300 000 km/s, mas de freqüência muito mais baixa.

Lendo os trabalhos de Maxwell, um cientista alemão chamado H. R. Hertz, em 1887, realizou as primeiras experiências práticas que provaram a existência de tais ondas.

A prova foi simples, consistindo na montagem do primeiro transmissor do primeiro receptor de rádio. Produzindo faíscas elétricas num canto do laboratório, estas faíscas geravam ondas eletromagnéticas que, provocavam o aparecimento de outras num dispositivo colocado do outro lado do laboratório.

Esta experiência também serviu para a elaboração da primeira antena que consistia em placas de metal.

Guglielmo Marconi, lendo os trabalhos publicados por Hertz, relatando suas experiências, percebeu que estas ondas poderiam, ser usadas para levar mensagens, trabalhando a partir de então no aperfeiçoamento da descoberta.

Marconi desenvolveu então dispositivos capazes de gerar e receber ondas eletromagnéticas.

A partir de 1895, com apenas 21 anos de idade, Marconi deu início a uma série de experiências que culminaram com a transmissão com êxito de mensagens a navios situados a 20 km de distância da costa.

Depois, Marconi criou um sistema capaz de transmitir direcionalmente os sinais eletromagnéticos e, finalmente em 1901, um sistema capaz de transmitir sinais entre a Inglaterra e a Terra Nova, sendo essa a primeira transmissão através do Atlântico.

A primeira transmissão de radiodifusão documentada ocorreu em 1906, tendo sido realizada por R. Fessenden nos Estados Unidos.

Na véspera de natal de 1906, usando um alternador de radiofreqüência, que operava em 50 kHz, construído pela General Electric, foi realizada a primeira transmissão de radiodifusão.

O microfone usado para modular este primeiro transmissor era ligado diretamente à antena, controlando assim toda a potência aplicada. O resultado era que o microfone precisava ser refrigerado a água, tal o calor desenvolvido.



Landell de Moura



Da mesma forma que existe uma grande controvérsia em relação à invenção do avião, caso em que os americanos defendem os irmão Wright e nós Santos Dumont, podemos dizer que para o rádio existe também uma boa discussão sobre o assunto.

Os russos defendem Popov enquanto que “oficialmente”, Marconi é o inventor do rádio. No entanto, existem provas de que muitos pesquisadores transmitiram e receberam ondas de rádio antes de Marconi.

É o caso do padre brasileiro Landell de Moura que enviou sinais de rádio entre pontos diferentes da cidade de São Paulo, antes de Marconi e também teria transmitido a voz e imagens na mesma época sem o devido reconhecimento.

Somente agora suas descobertas estão sendo revistas com a atribuição do devido valor que possuem.


Os Circuitos Receptores

A partir do primeiro receptor de Hertz, que consistia simplesmente numa espira com duas esferas separadas por uma distância muito pequena, onde era possível observar as faíscas, foi criado um dispositivo denominado “coesor”. O coesor era um tubinho cheio de limalha de metal, onde a presença de sinais de rádio fazia saltar faíscas, tornando-o condutor.

Rádio de Galena



Um dos primeiros tipos de rádio que existiu não utilizada nenhum dos modernos dispositivos eletrônicos que conhecemos como transistores ou circuitos integrados. Estes rádios tinham uma estrutura bastante simples.


 Figura 2 – Rádio de galena simples usando um diodo (D1) em lugar do cristal de galena.

Uma enorme antena (A), consistindo em fio estendido com comprimento de 10 a 50 metros de comprimento, captava o máximo de energia das ondas eletromagnéticas emitidas pela estação.

Estas ondas induziam na antena correntes de altas freqüências que então eram levadas a um circuito seletor. O seletor mais simples que podemos descrever consiste numa bobina e num capacitor variável, ligados em paralelo.


Este circuito até hoje é usado na maioria dos receptores de rádio. O número de voltas de fio da bobina e a quantidade de placas do capacitor determinam a faixa de freqüências das estações que podem ser selecionadas.

Para o caso das estações de AM (amplitude modulada) de ondas médias onde as estações têm freqüência entre 530 e 1605 kHz,usando capacitores variáveis entre 270 e 465 pF, o número de voltas da bobina estará tipicamente entre 80 e 120.

Este circuito tem a propriedade de deixar passar para a terra as correntes de todas as freqüências captadas, exceto as da freqüência da estação que desejamos ouvir.

O sinal separado, da estação selecionada, é então levado a um detector de envoltória ou simplesmente detector. O detector nada mais é do que um retificador que conduz a corrente num único sentido de modo que, através de uma filtragem (filtro passa baixas), possamos separar a corrente de baixa freqüência da modulação (som) da corrente de alta freqüência que a transporta (portadora).

Isso ocorre porque o som do microfone na emissora é aplicado à “onda” que lhe transporta. A onda eletromagnética é, portanto apenas um meio de transporte para os sinais de freqüências menores que correspondem aos sons.
Atualmente temos componentes próprios que podem ser usados como detectores, como os diodos semicondutores. No entanto, antigamente, as coisas eram mais difíceis.

O detector tinha de ser fabricado com um cristal de galena, uma espécie de óxido de chumbo, que era montado numa base de material condutor. Um fio extremamente fino, chamado “bigode de gato”, era usado para encontrar os pontos sensíveis do cristal.

O operador do rádio deveria, com muita calma e habilidade, encostar o bigode de gato em diversos pontos do cristal, até encontrar o “ponto sensível” que possibilitaria de detecção dos sinais de rádio. Sem dúvida, ouvir rádioi exigia habilidade naqueles tempos!

A corrente que temos depois do diodo já é de baixa freqüência, devendo ser filtrada antes de ser levada a um fone. O fone nada mais é do que um reprodutor de som.

Formado por uma bobina de fio fino, com a passagem da corrente é criado um campo magnético que, atuando sobre uma placa de metal chamada diafragma, a faz vibrar. Estas vibrações são transferidas para o ar na forma do som originalmente enviado a partir da estação.
Veja que o princípio de funcionamento desse receptor é muito simples, mas apresenta muitos inconvenientes: toda a energia que vai para o fone deve ser captada pela antena. Assim, o volume do som depende da eficiência a antena na captação dos sinais.

Mesmo estações fortes ou próximas só podem ser ouvidas com o fone muito próximo do ouvido. O uso de um alto-falante é praticamente inviável com esse tipo de receptor.

Esse tipo de componente já tem um “bigode de gato” interno soldado no ponto de máxima sensibilidade, evitando assim o inconveniente de se precisar encontrar o ponto sensível.




A bobina é enrolada num cabo de vassoura ou tubo de PVC de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro. Ela consta de 100 voltas de fio esmaltado 28 ou 26 (40 + 60). O capacitor variável CV é aproveitado de qualquer rádio antigo fora de uso e o fone deve ser de cristal ou magnético de alta impedância.

A Válvula, o Transistor e a Amplificação Direta

Thomas Alva Edison havia descoberto um importante efeito em suas lâmpadas: quando uma placa adicional era colocada no interior da lâmpada, uma corrente podia ser detectada nesse elemento. Essa corrente, conforme se verificou posteriormente, era formada por elétrons que deixavam o filamento aquecido,

J. A. Fleming, um inglês que visitava Edison justamente quando ele fez essa descoberta, observou que o dispositivo em questão funcionava como um diodo, deixando a corrente circular apenas num sentido.

Posteriormente, trabalhando nessa mesma válvula, o americano Lee de Forest, em 1906, colocou uma espécie de grade entre o filamento aquecido e a placa. Aplicando tensões nesta grade ele podia controlar a corrente que circulava entre o filamento e a placa.
Essa configuração, denominada válvula triodo, poderia ser usada num circuito , para amplificar um sinal de rádio detectado e dessa forma obter muito maior volume num fone de ouvido. Um rádio de maior sensibilidade poderia ser obtido com essa configuração.
Esse tipo de rádio, em que o sinal detectado (retirado do diodo) era aplicado diretamente a uma válvula amplificadora, recebeu o nome de receptor de “amplificação direta”.

O transistor, que foi inventado somente em 1948, na verdade funciona como um amplificador de sinais semelhante a válvula triodo, com a vantagem de que não usa um filamento.

Pelo fato das correntes circularem num transistor através de um meio sólido (o material semicondutor) dizemos que se trata de um dispositivo de estado sólido, que substituem as válvulas com vantagens, quer seja pelo seu tamanho diminuto, quer seja pela pouca energia que precisam para funcionar.

 


Entretanto, já nos tempos das válvulas verificou-se que a recepção dos sinais poderia ser melhorada através do uso de diversos artifícios, que também podem ser usados em circuitos transistorizados (com finalidades experimentais).

No caso dos transistores, o que ocorre é que quando eles surgiram, as técnicas de recepção já estavam suficientemente desenvolvidas para se adotar a melhor. Assim, as outras ficaram apenas como curiosidades históricas.



Receptores Reflex

Verifica-se que uma válvula triodo tanto podem amplificar os sinais detectados como os próprios sinais de alta freqüência captados pela antena. Num receptor reflex utiliza-se a mesma válvula para amplificar duas vezes o sinal: na primeira vez o sinal amplificado é o de alta frequência, vindo do circuito de sintonia.

Logo depois da amplificação, este sinal é detectado, voltando então a componente de baixa freqüência à mesma válvula, onde recebe nova amplificação. Daí ele pode então ser aplicado ao fone de ouvido.

Receptores Regenerativos

Outra técnica interessante usada na recepção de sinais de rádio consiste na regeneração. O que se faz é amplificar o sinal uma vez e depois “jogá-lo” de volta à entrada do mesmo amplificador, para que ele receba nova amplificação. Uma mesma válvula (ou transistor) tem então sua capacidade de amplificação multiplicada, com resultados bastante interessantes.

Neutrodinos, Sincrodinos e Outros

Nesta fase da história do rádio, passou-se a ter uma preocupação maior com a estabilidade dos circuitos. Assim, um primeiro passo foi o que levou aos receptores denominados neutrodinos. Um processo de neutralização evitava que ocorressem oscilações por realimentação entre as diversas etapas do circuito.

No receptor sincrodino, o circuito gerava um sinal sincronizado com o da estação, dando assim maior estabilidade ao circuito. No entanto, esse rádios logo foram superados por uma categoria de circuito que existe até hoje: o superheteródino.



O Superheteródino

Como conseguir aliar alta sensibilidade a uma ótima seletividade e tudo isso num circuito de grande estabilidade? A resposta para este problema está no circuito superheteródino.

Rádios de todos os tipos e até mesmo receptores de TV e telecomunicações modernos se baseiam nesta configuração que se revela satisfatória para a maioria dos casos em que a recepção dos sinais deva ser feita de forma estável e sensível.

Os sinais são captados pela antena e levado a um circuito de sintonia, onde o sinal da estação que se deseja ouvir é separado. O primeiro passo desse sinal é ser processado por uma etapa chamada misturadora.

A função da etapa misturadora ou misturador é simplesmente combinar o sinal da estação selecionada com um sinal que é gerado no próprio receptor. Este sinal deve ter uma freqüência, que no caso do AM, deve ser 455 kHz maior que o sinal captado e no caso do FM, 10,7 MHz maior.

A mistura dos dois sinais provoca um fenômeno denominado batimento ou heterodinagem: obtemos na saída da etapa dois sinais que correspondem à soma e diferença de suas freqüências. Como a diferença é fixa, 455 kHz ou 10,7 MHz, as etapas seguintes podem perfeitamente trabalhar com freqüências fixas, não se necessitando mais de circuitos de sintonia variável.

Nos receptores de AM temos então etapas amplificadoras seguintes operando em 455 kHz e nos de FM, operando em 10,7 MHz. Estas etapas são denominadas “de FI” ou “Freqüência Intermediária”.

O sinal de FI que leva então a informação do sinal original captado, tendo apenas uma freqüência, pode ser amplificado por uma ou duas etapas adicionais até ficar suficientemente intenso para poder ser detectado.

A detecção é feita então da maneira convencional: nos rádios AM usamos um diodo que detecta a envolvente, ou seja, separa a modulação do sinal original de sua portadora.

Nos rádios de FM utiliza-se um circuito denominado discriminador, pois a modulação é feita de modo diferente. De qualquer forma, a partir dessa etapa temos no circuito apenas sinais de baixas freqüências ou áudio que correspondem aos sons originais emitidos.

Podemos então amplificá-los ainda mais, mas agora usando um amplificador comum de áudio. O volume ou potência do som que obteremos na saída vai depender das características deste amplificador.

Nos rádios de FM estéreo, existe ainda um circuito adicional que é o decodificador (multiplex) que faz a separação dos sons dos dois canais que são enviados a dois amplificadores diferentes.

Assim, para rádios portáteis ou do tipo walkman, temos pequenos amplificadores com potências da ordem de milésimos de watt (mW), para os rádios maiores e de carro, as potências aumentam para vários watts e finalmente nos grandes sons, essa potência podem superar os 100 W. Na figura 18 temos um circuito típico de receptor superheteródino.


Conclusão

circuitos integrados podem reunir milhares ou milhões de componentes possibilitando a elaboração de receptores extremamente complexos e eficientes. As novas técnicas que vão possibilitar a transmissão da informação na forma digital para o rádio comum já estão a caminho.

Assim, tudo o que vimos passará definitivamente para a história, uma história muito interessante que alguns de nós viveram uma boa parte, testemunhando até a época em que o rádio era considerado uma das maravilhas da tecnologia e a TV ainda era uma simples curiosidade acessível a poucos.


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Material eletrocalórico tira calor de chips

Energia

Material eletrocalórico tira calor de chips

Material eletrocalórico tira calor de chips
O efeito de resfriamento e aquecimento é gerado quando o material eletrocalórico - que é isolante - se rearranja internamente pela ação de um campo elétrico. [Imagem: X. Qian and Q.M.Zhang/PSU]
Refrigeração de estado sólido
Ligue um interruptor e a eletricidade entrará em um material eletrocalórico que irá liberar calor para os seus arredores conforme seus dipolos internos se reorganizam.
Faça o mesmo usando um material eletrocalórico negativo e ele vai começar a absorver o calor, resfriando o ambiente.
Embora estes materiais venham sendo investigados há algum tempo para o controle de microclimas - ambiente de dimensões reduzidas -, havia uma séria deficiência: o campo elétrico precisa permanecer ativo, o que consome energia e acaba por aquecer o material, que perde eficiência.
Agora, pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, desenvolveram uma mistura inédita de polímeros ferroelétricos para gerar um material eletrocalórico capaz de manter o calor absorvido mesmo depois de a energia ser desligada, permitindo sua utilização em uma variedade de sistemas de pequena escala.
Material eletrocalórico anômalo
Em um material eletrocalórico típico, aquecimento e arrefecimento são gerados apenas quando o campo está se alterando em resposta a um pulso elétrico completo. A quantidade de aquecimento é ligeiramente maior do que a quantidade de arrefecimento, com a diferença entre os dois efeitos dependendo da eficiência do material.
No novo "material eletrocalórico anômalo", a refrigeração é produzida quando o campo elétrico é ligado, mas sem um aquecimento posterior quando o campo é desligado - a não ser a pequena quantidade de aquecimento gerado no material dielétrico pela própria passagem do campo elétrico.
"A vantagem do material eletrocalórico é que a sua eficiência é muito elevada em comparação com outros refrigeradores de estado sólido, tais como orefrigerador termoelétrico," disse Xiaoshi Qian, desenvolvedor do novo material.
De acordo com Qian, o material poderá ser incorporado a chips ou biochips, seja para retirada de calor, seja para resfriamento a partir da temperatura ambiente.

Bibliografia:

Anomalous negative eletrocalórico effect in a relaxor/normal ferroelectric polymer blend with controlled nano- and meso-dipolar couplings
Xiaoshi Qian, Tiannan Yang, Tian Zhang, Long-Qing Chen, Q. M. Zhang
Applied Physics Letters
Vol.: 108, 142902
DOI: 10.1063/1.4944776

Descoberto novo material que poderá acelerar a computação

Eletrônica

Descoberto novo material que poderá acelerar a computação

Descoberto novo material que poderá acelerar a computação
É a primeira confirmação experimental dos "arcos de Dirac", em que as bandas de condução e valência são conectadas ao longo de linhas longas. [Imagem: Yun Wu et al. - 10.1038/nphys3712]
Pontos de Dirac
Físicos descobriram um metal com uma estrutura eletrônica única, que poderá viabilizar a construção de computadores energeticamente mais eficientes e mais velozes, além de aumentar a densidade do armazenamento de dados.
O metal é uma liga de platina e estanho (PtSn4) que pertence à promissora classe dos isolantes topológicos, nos quais os elétrons podem viajar perto da velocidade da luz graças a uma propriedade chamada dispersão de Dirac.
Em 2015, outra equipe havia descoberto um material com um anel desses "pontos excepcionais" que promete ser a base de novos tipos de sensores e dispositivos ópticos, como lasers de alta potência.
Arcos de Dirac
O PtSn4 é ainda mais intrigante porque ele apresenta não uns poucos pontos de Dirac, mas uma rede deles, algo nunca visto.
Além da alta densidade de elétrons de condução típica desses materiais, a nova liga possui um grande número de pontos de Dirac muito próximos uns dos outros, formando linhas, que os pesquisadores batizaram de "arcos de Dirac".
"Este tipo de transporte de elétrons é muito especial. A nossa pesquisa foi capaz de associar a magnetorresistência extrema com características inovadoras na sua estrutura eletrônica, que poderão levar a futuras melhorias na velocidade e na eficiência dos computadores e do armazenamento de dados," disse o professor Adam Kaminski, dos Laboratórios Ames, nos EUA.

Bibliografia:

Dirac node arcs in PtSn4
Yun Wu, Lin-Lin Wang, Eundeok Mun, D. D. Johnson, Daixiang Mou, Lunan Huang, Yongbin Lee, S. L. Budko, P. C. Canfield, Adam Kaminski
Nature Physics
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nphys3712

Menor motor do mundo: rumo a novos tipos de motores

Nanotecnologia

Menor motor do mundo: rumo a novos tipos de motores

Menor motor do mundo: rumo à termodinâmica quântica
Esquema e medições do motor, feito com um único átomo de cálcio. [Imagem: Johannes Robnagel et al. - 10.1126/science.aad6320]
Menor não dá
Este não é apenas o menor motor do mundo: segundo seus criadores, é o "menor motor que pode existir".
Quem garante é Johannes Robnagel e seus colegas da Universidade de Mainz, na Alemanha, que não apenas construíram o motor térmico usando um único átomo, mas também conseguiram medir com precisão sua produção de energia.
Motores de calor, que convertem energia térmica em trabalho mecânico, têm desempenhado um papel central na sociedade desde a revolução industrial - pense nos motores de automóveis e nos motores a jato, por exemplo.
Com a onda de miniaturização, os engenheiros têm testado os limites à construção desses dispositivos - Robnagel e seus colegas chegaram agora à escala de um único átomo, uma barreira que eles acreditam ser intransponível.
Motor de um único átomo
Para fabricar o motor monoatômico, os pesquisadores pegaram um íon de cálcio - um átomo de cálcio eletricamente carregado - e o submeteram a duas temperaturas diferentes durante um único ciclo.
O íon é resfriado por um feixe de laser, dirigido constantemente para ele, e é aquecido pela oscilação de um campo elétrico. Isto cria um movimento axial semelhante ao de um êmbolo de um motor a vapor.
Menor motor do mundo: rumo à termodinâmica quântica
Aparelho no interior do qual está o menor motor do mundo. [Imagem: Johannes Robnagel]
As medições da produção de energia apontaram cerca de 3,4 × 10-22 joules por segundo (J/s). Trazido para a macroescala, isso seria equivalente a 1,5 kilowatt por quilograma (kW/kg), mais ou menos a mesma eficiência de um motor de carro típico, escreve a equipe.
"Revertendo o ciclo, nós podemos até mesmo usar o dispositivo como um refrigerador de um único átomo e empregá-lo para resfriar nanossistemas que estejam acoplados a ele," disse Robnagel.
Termodinâmica quântica
O principal objetivo do trabalho é que a criação de um motor nessas dimensões fornece insights sobre a termodinâmica em nanoescala - no nível das partículas individuais -, que é atualmente um tema que tem atraído muita atenção dos físicos.
Segundo a equipe, já estão em andamento planos para baixar a temperatura de funcionamento do nanomotor a fim de investigar os efeitos quânticos termodinâmicos.
Em teoria, é possível aumentar a potência de um motor de calor em nanoescala ligando-o a um banho de calor quântico, proporcionando assim uma ampla gama de possibilidades experimentais, que podem ampliar os limites aceitos pela termodinâmica clássica e, eventualmente, abrir o caminho para a construção de novos tipos de motores.

Bibliografia:

A single-atom heat engine
Johannes Robnagel, Samuel T. Dawkins, Karl N. Tolazzi, Obinna Abah, Eric Lutz, Ferdinand Schmidt-Kaler, Kilian Singer
Science
Vol.: 352 ISSUE 6283 - 325-329
DOI: 10.1126/science.aad6320

sábado, 16 de abril de 2016

Rumo a uma câmera 360º totalmente flexível

Informática

Rumo a uma câmera 360º totalmente flexível

Rumo a uma câmera 360º totalmente flexível
A capacidade de geração de imagens do conjunto flexível de lentes adaptativas passivas já foi testada experimentalmente, mas ainda será necessário construir um sistema de sensores igualmente dobrável. [Imagem: Columbia Computer Vision Laboratory]
Lentes flexíveis
Existem vários sistemas de câmeras que filmam ou fotografam em 360º - como as câmeras que captam as imagens do Google Street View - mas todos são grandes e exigem ópticas complicadas ou equipamentos robotizados.
Uma equipe da Universidade de Colúmbia, nos EUA, está criando um novo conceito de captura de imagem que pode se tornar uma alternativa muito mais simples e que poderia ser fabricada em escala industrial a um custo muito baixo.
O primeiro passo para isso foi dado como desenvolvimento de uma matriz de lentes moldadas em uma folha de silicone que se adapta passivamente a qualquer irregularidade superficial para capturar imagens de alta qualidade.
Óptica adaptativa passiva
Capturar imagens geradas por uma multiplicidade de lentes é complicado porque, quando o conjunto de lentes se dobra, criam-se lacunas entre os campos de visão das lentes adjacentes, gerando aberrações e um serrilhado na imagem.
A equipe resolveu este problema desenvolvendo uma matriz elástica adaptativa que permite que o comprimento focal de cada lente varie de acordo com a curvatura local da folha de silicone de uma forma que anula o serrilhado nas imagens capturadas. Esse sistema de adaptação óptica passiva evita o uso de mecanismos mecânicos ou elétricos complexos para controlar independentemente cada lente da matriz.
Isto deverá facilitar a construção do sistema de sensores, um CCD flexível, que será necessário fabricar agora para que se consiga criar uma câmera flexível 360º completa.
Câmera flexível
Como é totalmente flexível, essa óptica poderá se tornar a base de uma câmera que possa ser enrolada em torno de qualquer superfície, por mais irregular que seja e, ainda assim, gerar imagens fiéis, de pontos de vista inusitados e cobrindo áreas que exigiriam várias câmeras comuns, sem contar os softwares necessários para juntar as imagens nesses sistemas tradicionais.
Seria possível, por exemplo, enrolar a câmera ao redor de um poste para que um sistema de vigilância monitore continuamente e de forma integral todos os arredores. Fixá-la em carros e até em roupas são outras possibilidades aventadas pelos pesquisadores.
"Embora a indústria de câmeras venha fazendo progressos notáveis em encolher as câmeras até dispositivos minúsculos com qualidade de imagem cada vez maior, estamos explorando uma abordagem radicalmente diferente de imageamento. Acreditamos que existem inúmeras aplicações para câmeras que sejam grandes no formato, mas muito finas e altamente flexíveis," disse o professor Shree Nayar, coordenador da equipe.

Bibliografia:

Towards Flexible Sheet Cameras: Deformable Lens Arrays with Intrinsic Optical Adaptation
Daniel C. Sims, Yonghao Yue, Shree K. Nayar
IEEE International Conference on Computational Photography Proceedings
DOI: http://www.cs.columbia.edu/CAVE/projects/flexible_sheet_cameras/Sims_ICCP16.pdf

Transistores impressos com tintas de nanocristais

Eletrônica

Transistores impressos com tintas de nanocristais

Transistores são impressos usando tintas de nanocristais
Cada transístor é construído aplicando quatro tintas sucessivas, cada uma com uma característica específica. [Imagem: University of Pennsylvania]
Transistores por impressão 3D
Os transistores que compõem toda a eletrônica e a computação são tradicionalmente feitos escavando-se pastilhas de silício, em um processo de várias etapas e condições "agressivas" conhecido como fotolitografia.
Mas parece que é possível fabricar transistores e outros componentes elétricos usando apenas tinta e a temperatura ambiente.
De fato, Ji-Hyuk Choi, da Universidade da Pensilvânia, fabricou um transístor totalmente funcional por impressão, depositando camadas sequenciais de tintas cujo componente principal são nanocristais dos materiais semicondutores necessários para fazer o transístor funcionar.
Como o transístor foi impresso sobre um material plástico flexível a temperatura ambiente, a técnica poderá eventualmente ser automatizada em equipamentos de fabricação aditiva, ou impressão 3D.
Tintas de nanocristais
O princípio da técnica é simples: nanocristais aproximadamente esféricos de materiais com as qualidades elétricas necessárias para um transístor são dispersas em um líquido, criando as tintas de nanocristais. A seguir, basta aplicar as tintas na ordem correta.
A equipe desenvolveu quatro tintas: uma condutora, feita de prata, uma isolante, feita de óxido de alumínio, uma tinta semicondutora, feita de seleneto de cádmio e, finalmente, uma tinta condutora combinada com um dopante, feita de prata e índio - "dopar" a camada semicondutora do transístor com impurezas selecionadas controla se o componente transmite uma corrente negativa ou uma corrente positiva.
Transistores são impressos usando tintas de nanocristais
Protótipo dos transistores impressos, mostrando a viabilidade de fabricação de múltiplos componentes ao mesmo tempo. [Imagem: Universidade da Pensilvânia]
"Estes materiais são coloides, assim como a tinta em sua impressora jato de tinta. A questão era saber se poderíamos colocá-los em uma superfície de tal forma que eles trabalhassem juntos para formar transistores funcionais," disse a professora Cherie Kagan, coordenadora da equipe.
Fabricação aditiva de eletrônicos
Tudo deu certo assim que a equipe aprimorou a técnica para que a próxima camada de tinta não estragasse a anterior. "Nós tivemos que tratar as superfícies dos nanocristais, tanto quando eles estão em solução como depois que são depositados, para nos certificarmos de que eles têm as propriedades elétricas corretas e que se unem na configuração que queremos," contou Kagan.
"Fabricar transistores em grandes áreas e a temperaturas mais baixas tem sido o objetivo para uma classe emergente de tecnologias, quando as pessoas pensam da Internet das Coisas, eletrônica flexível e dispositivos portáteis," disse Kagan. "Nós não desenvolvemos todos os aspectos necessários para que possam ser impressos ainda, mas como esses materiais são todos baseados em soluções, eles demonstram como esta classe de materiais é promissora e prepara o terreno para a fabricação aditiva [de componentes eletrônicos]".

Bibliografia:

Exploiting the colloidal nanocrystal library to construct electronic devices
Ji-Hyuk Choi, HanWang, Soong Ju Oh, Taejong Paik, Pil Sung Jo, Jinwoo Sung, Xingchen Ye, Tianshuo Zhao, Benjamin T. Diroll, Christopher B.Murray, Cherie R. Kagan
Science
Vol.: 352 ISSUE 6282 205-208
DOI: 10.1126/science.aad0371